O PAPEL SOCIAL DA PSICOLOGIA E A ATUAÇÃO NA SAÚDE PÚBLICA

    INTRODUÇÃO

    A área de estudo e atuação da Psicologia já foi explorada por aqui em diversos textos, abordando questões como as semelhanças e diferenças com os Recursos Humanos; as principais abordagens da Psicologia; o que avaliar na escolha por uma faculdade na área, e muitas outras questões.

    Sabemos também que a área possui um vasto leque de opções de atuação para o profissional formado, como a Psicologia Clínica, Esportiva, Hospitalar, Educacional, Jurídica, Organizacional, e outras diversas possibilidades.

    No texto de hoje, falaremos sobre uma área de atuação que vem crescendo na escolha profissional da Psicologia, e que tem um papel social essencial para o desenvolvimento saudável das comunidades: a Psicologia na saúde pública.

    PSICOLOGIA E SAÚDE PÚBLICA

    Como tradicionalmente sabemos, o objetivo do profissional da psicologia é compreender e analisar as pessoas a fim de solucionar problemas relacionados ao comportamento. O profissional atua no diagnóstico, prevenção e tratamento de doenças mentais, de personalidade ou distúrbios emocionais, sendo habilitado a atuar em diversas áreas tanto no âmbito privado quanto no contexto público.

    A Saúde Pública emprega muitos profissionais de Psicologia no Brasil, distribuídos em instituições de saúde mental, Unidades Básicas de Saúde e hospitais. Desde a regulamentação da área como profissão, a Psicologia tem conquistado e ampliado o seu espaço na Saúde Pública, principalmente após a instituição do Sistema Único de Saúde (SUS), que trouxe um novo olhar sobre o conceito de saúde e doença. O que antes era visto como ausência de doença física, começou a considerar aspectos sociais e culturais do paciente. Com o SUS, a Psicologia ganhou um novo campo de atuação.

    Apesar de a Saúde Pública abranger um percentual considerável de profissionais da psicologia, são grandes as dificuldades de atuação na área, principalmente pela falta de conhecimento sobre o SUS e pelo uso limitado de técnicas, como consequência de uma formação inadequada e falta de preparo profissional. A atuação se reduz à clínica tradicional, focada no indivíduo, com tratamentos demorados, que não consideram o contexto sociocultural em que o paciente vive.

    A SAÚDE PÚBLICA NO BRASIL

    Com a Constituição Federal de 1988, ocorreu uma ruptura da visão dominante de conceituar a saúde como a ausência de doença. Essa nova leitura estabeleceu uma relação direta entre saúde e condições de vida, que inclui questões econômicas, sociais, culturais, biológicas e ecológicas. Esse novo modelo foi efetivado com a implantação do SUS em 1990.

    O SUS segue normas, diretrizes, princípios e leis que buscam a universalização, a equidade, a integralidade, a participação popular e a descentralização da saúde:

    • A universalidade garante o direito à saúde a todos os cidadãos;
    • A equidade busca tratar de maneira específica cada território, com o objetivo de diminuir as desigualdades, ofertando ações e serviços aos segmentos populacionais mais carentes, que enfrentam maiores riscos, em decorrência da diferente distribuição de renda, bens e serviços;
    • A integralidade propõe ações continuadas de promoção de saúde, prevenção de doenças, tratamento e reabilitação;
    • A participação popular é uma forma de concretizar o SUS na prática através da participação dos segmentos sociais organizados nas Conferências e Conselhos de Saúde;
    • A descentralização tem o objetivo de distribuir de forma mais racionalizada os recursos assistenciais no território, garantindo acesso oportuno e continuidade do cuidado a todos.

    FORMAÇÃO PARA A SAÚDE PÚBLICA

    A Psicologia tem uma história muito recente no Brasil, passou a existir como profissão somente em 1962. Os profissionais atuavam em basicamente quatro áreas: clínica, escolar, magistério e trabalho.

    Devido às pressões do mercado de trabalho, os profissionais buscaram outros campos de atuação, dentre eles, o campo da saúde pública, gerando um aumento de profissionais a partir do final da década de 70. Nesse período, o campo da saúde pública se torna um grande polo de absorção de psicólogos.

    Com a implantação do SUS as profissões de saúde se integraram à saúde pública. Nesse contexto, a Psicologia, que praticamente atendia somente em instituições ambulatoriais e hospitalares de saúde mental, ganha espaço nas Unidades Básicas de Saúde, expandindo a atuação do psicólogo. Esses acontecimentos fizeram com que a Psicologia conquistasse um espaço na Saúde Pública.

    Desde 2006, há um grande investimento do Ministério da Educação e do Ministério da Saúde com o objetivo de preparar os psicólogos para trabalhar no SUS. Existe um movimento para que os cursos de graduação valorizem e invistam nesse tipo de formação, com modificações curriculares voltadas para as exigências da Saúde Pública.

    As novas Diretrizes Curriculares Nacionais do Curso de Psicologia instituem uma série de competências e habilidades exigidas ao profissional e preveem a atuação do psicólogo em diferentes contextos, considerando as necessidades sociais, os direitos humanos, tendo em vista a promoção da qualidade de vida dos indivíduos, grupos, organizações e comunidades. Dessa forma, os novos currículos de Psicologia devem conter disciplinas capazes de capacitar o profissional para a atuação na Saúde Pública.

    A IMPORTÂNCIA DA PSICOLOGIA NA SAÚDE PÚBLICA

    A Psicologia na saúde pública representa um instrumento de transformação, observando fatores subjetivos, emocionais, históricos e das condições de vida dos usuários como determinantes dos quadros de saúde ou de doença da população.

    Como podemos ver, é necessário que a Psicologia atenda as exigências da Saúde Pública. Para isso, o psicólogo deve ampliar seus conhecimentos e permitir que sua conduta profissional tenha um caráter coletivo e social.

    O psicólogo que atua na Saúde Pública deve inventar novas práticas, produzir novos conhecimentos, voltados para as demandas da comunidade. Para isso é importante estar atento para as bases da formação do futuro profissional. Garantir uma graduação qualificada na área da Psicologia se torna imprescindível para todos, principalmente aos profissionais que querem estar qualificados e capacitados a atuarem no segmento público da saúde.

    Esperamos que esse conteúdo tenha servido de inspiração e fonte de conhecimento para você. Nos vemos na próxima!

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