Empregabilidade

    É uma responsabilidade muito grande abordar sobre o tema empregabilidade neste momento. Estamos vivendo uma verdadeira ebulição social causada pela pandemia. Assunto que gera tanta preocupação e ansiedade em todos nós.

    Mesmo antes da pandemia este assunto já estava em muita evidência. Talvez alguém possa pensar: isso não é momento para pensarmos nisso! Não está vendo o caos que estamos vivendo? E digo a vocês: aí mora um grande equívoco, pois precisamos pensar sim. O cenário de pandemia trouxe uma grande carga emocional em todos nós, trouxe principalmente a ansiedade, um sentimento muito natural e genuíno quando lidamos com o desconhecido, com o imprevisível, e o vírus é isso, é imprevisível, é letal e é uma ameaça constante. Lidar com isso tudo e junto disso uma instabilidade profissional ao mesmo tempo é o campo ideal para que ansiedade permaneça e se torne um quadro fixo no nosso dia a dia, influenciado muito no que vamos chamar aqui de empregabilidade.

    Mas aí você me pergunta: existe uma fórmula secreta para resolver isso tudo? Claro que não! Não é minha pretensão, de forma alguma trazer fórmula secreta de nada neste momento, inclusive desconfio muito de quem apresenta fórmula “milagrosa” de enfrentamento desta situação. Porém entendo que conversamos sobre isso, dialogar, explorar as questões e estudar os cenários ajudam muito. Essa talvez seja a intenção aqui neste artigo.

    É lógico que estamos sensibilizados com tudo o que está acontecendo. Vidas estão sendo perdidas e isso é muito triste, mas penso que refletirmos, nos questionamos, darmos novos sentidos para as coisas da nossa vida neste momento seja muito importante também. E empregabilidade faz parte desse “combo” da vida.

    Antes de falarmos especificamente de empregabilidade precisamos muito contextualizar isso em um cenário, no contexto que chamaremos aqui de Mercado de Trabalho. Mercado de Trabalho é um lugar onde realizamo-nos enquanto profissionais. Fazem parte deste cenário empresas, empregados, empregadores, empreendedores, autônomos, profissionais liberais etc. Mas esse lugar depende de muitas variáveis: sociais, políticas, econômicas, etc. Depende muito também de que, principalmente, o poder de consumo da população esteja ativo e fortalecido. E para isso acontecer no idioma “economês” chamamos de ações Conjunturais e Estruturais, que são juros baixos, oferta de crédito, investimento em infraestrutura, incentivo fiscal, incentivo tributário, confiança do investidor e muitas outras ações que favoreçam este cenário.

    Acredito que o nosso objetivo aqui não é ficarmos presos nesses conceitos econômicos, políticos, sociais, mas o que é importante frisar agora é que mesmo antes da pandemia o cenário já estava bastante desafiador. Nos perguntamos: desafiador em qual sentido para a empregabilidade? Já estava exigindo muito mais de nós em termos de competências e habilidades, tanto para profissionais quanto para empresas em geral. O que a pandemia fez foi evidenciar ainda mais essa questão de um jeito bastante imperativo, ditando e comandando o rumo das coisas.

    Mas podemos pensar: o mercado de trabalho acabou? Claro que não! Mas sofreu mudanças profundas, mudanças que vieram para ficar e que vão exigir muito mais de todos nós e principalmente da nossa famigerada empregabilidade.

    Vamos pensar o que é empregabilidade? Empregabilidade é, além da nossa capacidade em conseguirmos um emprego ou uma ocupação profissional, mas também é a nossa aptidão de nos permanecermos nessa ocupação, e além ainda, permanecermos nessa atividade profissional com qualidade. Em outras palavras, podemos afirmar também que empregabilidade está diretamente ligada ao valor profissional que uma pessoa consegue ter diante do mercado de trabalho.

    Hoje é possível afirmar que estamos divididos em 3 grandes grupos quando falamos de empregabilidade:

    1. Empregados, ou com alguma ocupação profissional. Estão satisfeitos com o que estão realizando, porém estão apreensivos e preocupados diante do cenário;

    2. Empregados, ou com alguma ocupação profissional, porém insatisfeitos com o que estão realizando, o que agrava ainda mais essa apreensão e preocupação diante do cenário;

    3. Desempregados ou sem uma ocupação profissional. Em busca de uma colocação profissional ou recolocação.

    Podemos afirmar que aqueles roteiros prontos, aquelas “receitas de bolo” muito utilizadas no mercado das profissões de antes da pandemia não funcionarão

    neste momento. Já não estavam funcionando mesmo antes dessa turbulência acontecer. Mas a palavra-chave que podemos afirmar, e que é necessário nos provocarmos à reflexão neste momento é: ADAPTAÇÃO.

    Mas você pode me dizer: “Ah Fernando! Estou ouvindo isso muitas vezes! Não aguento mais ouvir isso! Na prática eu não sei o que isso significa!” Acredito que para qualquer pessoa desses 3 grupos citados isso vai ser relevante. Há uma máxima que diz que: novos tempos exigem novas habilidades e competências. Podemos dizer além disso, há também a necessidade de um novo uso das habilidades já desenvolvidas.

    É possível exemplificar isso com os profissionais da saúde e os profissionais da educação. O quanto foram, são e serão importantes dentro deste cenário que estamos vivendo. O quanto foi exigido deles novos usos das habilidades e competências já desenvolvidas. Os professores necessitando repensarem suas aulas, seus vídeos no YouTube, seus planos de ensino. Quanto aos profissionais da saúde, o quanto foi preciso repensarem em suas ações diante dos protocolos de proteção e procedimentos.

    Não temos certezas de muitas coisas dentro deste cenário, mas uma certeza é fato: as coisas no mercado de trabalho não vão voltar ao que eram antes! Mas você ainda pode me dizer: Fernando você continua generalista! Seja mais específico! Eu digo: é muito fácil de cometer um grande erro se ficar aqui apontando quais habilidades e competências serão mais necessárias neste momento. Porém algumas são unanimidade no mercado de trabalho:

    1. Abrir-se ao aprendizado: Seja no campo técnico ou emocional, o mercado vai exigir de todos nós ainda mais conhecimento em como lidar com as coisas e vai exigir também uma habilidade emocional, novos comportamentos. Isso diz muito sobre aprendizado;

    2. É hora de sermos flexíveis: Estarmos abertos às diferentes formas de reagirmos ao mundo, estarmos cientes de que as coisas precisarão serem feitas de formas diferentes do que sabíamos fazer antes. Cito o meu exemplo como professor: o quanto foi necessário repensar minha maneira de abordar essas questões de forma virtual;

    3. Aceitação às mudanças: Podemos observar isso através do comportamento de negação de algumas pessoas quanto à pandemia, resistentes a tudo que estamos vivendo, não se protegendo, provocando contaminações, e quase em um esforço hercúleo para voltar tudo ao que era antes;

    4. Capacidade em analisar as possibilidades: Analisar cenários, analisar tendências, estudar quais possibilidades existem no ambiente através das nossas forças profissionais, decidir quais fraquezas profissionais precisamos atacar primeiro nas nossas habilidades e competências, visualizarmos e agirmos diante do que há de importante dentro do mercado que poderia ser aproveitado neste momento.

    Há um estudo importante que aponta que boa parte das profissões de 2030 ainda não existem! E aí fica uma importante reflexão: “Será que o que eu venho fazendo e me esforçando profissionalmente existirá no futuro?”

    Gostaria de finalizar listando algumas habilidades ou competências que precisamos estar atentos diante deste cenário. De alguma forma a reflexão sobre elas nos ajuda muito para encontramos melhores caminhos profissionais:

    • Comunicação;

    • Relacionamentos;

    • Liderança;

    • Resolução de problemas;

    • Controle emocional;

    • Trabalho em equipe;

    • Flexibilidade;

    • Confiabilidade.

    Estamos todos, a humanidade inteira, passando por essa turbulência. Precisamos ficar atentos, acima de tudo o que foi abordado neste artigo, sobre a nossa saúde, tanto física quanto emocional. De nada nos acrescenta neste momento colocarmos em risco aquilo que nos é mais valioso! Não conseguiremos nos manter enquanto bons profissionais se não estivermos sãos e salvos!

    Por isso: CUIDE-SE!

    Artigo de autoria do Prof. Fernando Assi de Carvalho.

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