COMO UM BIOMÉDICO PODE ATUAR NOS AVANÇOS DAS PESQUISAS SOBRE CÉLULAS-TRONCO?

    INTRODUÇÃO

    Já falamos algumas vezes aqui sobre a área de estudo e atuação da Biomedicina. Você já sabe que existe um amplo leque de áreas nas quais o profissional biomédico está apto a atuar, sendo responsável por estudar microrganismos causadores de doenças e desenvolver medicamentos, além de outras atuações.

    Você já sabe também que a Biomedicina é uma área que está aberta aos empreendedores, apresentando diversas oportunidades aos profissionais formados de abrirem e conduzirem seu próprio negócio alinhando conceitos da área da saúde, com práticas de gestão e administração.

    Mas existe ainda uma linha de atuação na Biomedicina de extrema relevância no contexto atual das pesquisas em saúde, que é o trabalho desenvolvido pelos biomédicos em busca do avanço das técnicas e dos estudos voltados ao uso e aplicações de células-tronco.

    MAS O QUE SÃO AS TERAPIAS COM CÉLULAS-TRONCO?

    As terapias com células-tronco estão em fase experimental, mas têm sido representadas na mídia como um método possível de promover a cura de diversas doenças, o que garantiu a autorização do uso de embriões humanos para pesquisa, principal fator de polêmica e debate na área.

    As células-tronco embrionárias são capazes de autorrenovação, e também podem se dividir e se transformar em outros tipos de células, além disso, podem ser programadas para desenvolver funções específicas. O corpo humano possui, aproximadamente, 216 tipos diferentes de células e as células-tronco embrionárias podem se transformar em qualquer uma delas.

    COMO AS CÉLULAS-TRONCO PODEM SER UTILIZADAS EM PESQUISAS?

    No Brasil, uma das primeiras iniciativas voltadas para o estudo das aplicações de células-tronco foi a criação do Instituto do Milênio de Bioengenharia Tecidual em 2001. A partir daí o debate sobre as pesquisas de terapia celular se tornou popular e passou a ocupar espaço na opinião pública. Sendo assim, em 2004, o Senado aprovou o projeto de lei de Biossegurança, que autoriza a utilização de células-tronco embrionárias obtidas de embriões produzidos por fertilização in vitro, para fins de pesquisa e terapia. Em 2005 o projeto foi também aprovado pela Câmara dos Deputados com apoio de representantes da comunidade científica, mesmo com uma oposição forte de Deputados identificados com a Igreja Católica e a bancada evangélica.

    A pesquisa é fundamental para entender melhor o funcionamento dos organismos e como os tecidos do nosso corpo se mantêm ao longo da vida, assim como entender como nosso organismo se comporta durante uma doença. As células-tronco permitem que os pesquisadores possam modelar doenças, testar medicamentos e desenvolver terapias com resultados inovadores.

    Através da terapia celular é possível trocar células doentes células novas e saudáveis, sendo uma das possibilidades de aplicação das células-tronco no combate a doenças que degeneram tecidos do corpo.

    COMO O PROFISSIONAL DE BIOMEDICINA PODE TRABALHAR COM CÉLULAS-TRONCO?

    O profissional biomédico que deseja ingressar na área de pesquisa, estudo e aplicação de células-tronco, precisa antes adquirir especializações na área de hemoterapia e terapia celular.

    A hemoterapia é um segmento da Biomedicina que trabalha com procedimentos relacionados à coleta, processamento e transfusão de sangue, além de abranger as práticas de terapia relacionadas ao sangue. Já a terapia celular envolve as atividades de obtenção, processamento e transfusão de células.

    O profissional da área de biomedicina tem boa aceitação para trabalhar nas áreas de hemoterapia e terapia celular devido à sua formação acadêmica, que oferece uma base sólida para realizar procedimentos demandados por diferentes áreas da saúde.

    A partir da especialização em hemoterapia e terapia celular, o profissional biomédico se torna apto a atuar em procedimentos relacionados a bancos de sangue, bancos de medula óssea e de cordão umbilical. Dessa forma, o profissional tem a oportunidade de trabalhar tanto com os processos e atividades da área, ou também direcionar seus estudos para a área de pesquisa e desenvolvimento.

    Outra área relevante de especialização para o profissional biomédico que deseje trabalhar com células-tronco, é a área de Análises Clínicas e Toxicologia.

    O curso de especialização envolve conceitos de capacitação profissional da saúde na área de pesquisas relacionadas a análises clínicas e toxicológicas, permitir aos especialistas reconhecerem situações de risco toxicológico e estabelecerem diagnósticos nas diversas áreas das análises clínicas. A especialização envolve estudos sobre Bioética, Biossegurança, Bioquímica, Fisiopatologia, Biologia Molecular, entre outros segmentos.

    BIOMÉDICOS BRASILEIROS ATUANDO COM CÉLULAS-TRONCO

    No ano de 2016 o biomédico brasileiro Alexander Bibrair, foi capa da revista Science publicada pela Associação Americana para o Avanço da Ciência, considerada, ao lado da Nature, uma das revistas acadêmicas mais prestigiadas do mundo.

    O motivo que levou o brasileiro à capa da revista foi a sua pesquisa intitulada “O nicho das células-tronco hematopoéticas no fígado fetal está associado aos vasos portais”. Segundo ele a pesquisa pode beneficiar pessoas com leucemia que necessitem de realizar operações de transplante de medula óssea.

    A pesquisa de Alexander beneficiará sobretudo pessoas com leucemia que devem se submeter a transplantes de medula óssea. Esses pacientes frequentemente lutam contra o tempo e agora podem ter uma nova esperança de sobrevida. De acordo com ele a pesquisa pode permitir recriar o ambiente da medula óssea em pequenos recipientes, o que era antes inviável para esse tipo de célula. Ele explica que as células vinculadas aos vasos sanguíneos (pericitos) podem se combinar e formar um ambiente que permita promover a expansão das células-tronco hematopoiéticas no fígado. Alexander diz que as pesquisas também permitem desenvolver novos tratamentos para doenças graves que afetam a mobilidade.

    QUERO TRABALHAR COM CÉLULAS-TRONCO

    Mesmo com os resultados e testes sendo positivos ou, pelo menos, promissores, as pesquisas de células-tronco e suas aplicações para tratar doenças ainda estão em estágio inicial. Para garantir a segurança e eficácia a longo prazo das pesquisas com células-tronco, é necessária a utilização de métodos rigorosos e testes diversos.

    Ainda assim, a terapia celular é uma área com um amplo caminho de desenvolvimento e relevância pela frente, se destacando como uma boa opção para os profissionais da Biomedicina atuarem, por ser um campo recente, cercado por inovações, e que representa grandes possibilidades de sucesso nas suas aplicações nas mais diversas áreas da saúde.

    Esperamos que você tenha gostado e se interessado por esse material, e toda a discussão envolvendo as pesquisas com células-tronco. Aos estudantes e profissionais da área, esperamos que o conteúdo tenha sido esclarecedor. Até a próxima!

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