No mês de dezembro a Dinâmica Produtiva Brasileira voltou a cair
Em dezembro, o Indicador de Dinâmica Produtiva (IdP) evidenciou resultados bem diferentes. Brasil e Rio Grande do Sul tiveram recuo pelo segundo mês consecutivo. Já o estado de Minas Gerais voltou a crescer.
O IdP é um indicador mensal calculado em parceria pelo Instituto Federal do Sul de Minas (Campus Carmo de Minas) com o Departamento de Pesquisa do Grupo UNIS e o GEESUL. Seu objetivo é analisar o comportamento dos setores econômicos tendo como fonte os dados do Levantamento Sistemático da Produção Agrícola (LSPA), a Pesquisa Industrial Mensal (PIM), a Pesquisa Mensal do Comércio Varejista Ampliado (PMC) e a Pesquisa Mensal de Serviços (PMS), todos divulgados pelo IBGE.
Pela primeira vez desde o início do cálculo do indicador, a dinâmica produtiva brasileira apresentou recuo por dois meses consecutivos. Em dezembro o IdP teve queda de -0,60% em comparação com novembro. Apenas o setor agrícola apresentou uma leve alta de 0,11%. O setor industrial recuou -0,30%, representando assim o terceiro mês com variação negativa. E mais uma vez o resultado de maior impacto foi no setor de comércio e serviços com diminuição -0,80%. Desagrupando este resultado é possível notar que o comércio varejista ampliado caiu -1,14% e o setor de serviços -0,45%. O segundo mês de declínio no IdP nacional reforça nossa percepção de que a economia brasileira se encontra em processo de desaquecimento e refletindo as ações de políticas contracionistas adotadas visando o controle inflacionário.
O estado de Minas Gerais exibiu resultado diferente em comparação com o Brasil, tendo apresentado crescimento de 0,22%. No setor agrícola ocorreu queda de -0,48%. No caso da indústria houve um ligeiro recuo de -0,09%. Por outro lado, o setor de comércio e serviços teve elevação de 0,47%. Decompondo este dado, foi possível verificar que os serviços cresceram 0,56% e o comércio varejista ampliado avançou 0,37%. Conforme o professor Pedro Portugal, coordenador da pesquisa, “o setor de serviços do estado tem sido bastante resiliente a quaisquer variações negativas, visto que está a quatro meses consecutivos em expansão”.
A economia gaúcha apresentou forte retração de -1,35% em dezembro, sendo a maior queda desde o mês de maio, quando ocorreram as enchentes naquele estado. Mais uma vez, o setor com maior recuo foi comércio e serviços (-2,02%). Analisando este resultado de maneira separada verifica-se que os serviços caíram -1,52% e o comércio varejista ampliado decaiu -2,44%. O setor agrícola teve resultado de -1,99% e somente a indústria se expandiu (0,73%). Esses números da economia do Rio Grande do Sul em dezembro aumentam as preocupações, pois retorna o nível geral produtivo para um patamar abaixo da situação em que se encontrava antes da tragédia climática ocorrida em maio.
Ainda de acordo com o professor Pedro Portugal “os resultados do mês de dezembro permitem deduzir a ocorrência de uma reversão do crescimento econômico brasileiro. Resultado muito semelhante foi divulgado na data de 17/02 pelo Banco Central, mostrando que o IBC-Br (medida que representa uma prévia do PIB nacional) no mês de dezembro caiu -0,72%. Portanto, já podemos visualizar uma tendência de arrefecimento da dinâmica econômica nacional, provavelmente como consequência das políticas contracionistas de combate à inflação no país”.