Estudo mostra a relação entre a pobreza e a capacidade de compra de alimentos básicos em Varginha e Pouso Alegre
Em pesquisa conjunta, o Departamento de Pesquisa do Grupo UNIS, o Instituto Federal do Sul de Minas (Campus Carmo de Minas) e GEESUL trazem um estudo que mostra a relação entre a quantidade de pessoas na linha da pobreza, conforme classificação do Programa Bolsa Família (MDS) e os valores da Cesta Básica de alimentos nas cidades de Varginha e Pouso Alegre.
Os pesquisadores Guilherme Vivaldi e Pedro Portugal Júnior, buscaram o entendimento de como o valor da cesta básica pode afetar a qualidade de vida da população, assim realizaram um comparativo entre o custo mensal na compra dos produtos da Cesta Básica de Alimentos, estudo já realizado através do ICB, e a linha administrativa considerada como pobreza nos critérios do Bolsa Família, que segundo o Ministério da Cidadania é de R$218,00 per capita.
O estudo mostra que em março de 2023 em Varginha, as pessoas na linha da pobreza tinham a capacidade de compra de apenas 34,49% de uma cesta básica de alimentos, sinalizando que o mesmo deveria ganhar 2,9 vezes mais para sua aquisição. Já em fevereiro de 2025, as pessoas nesta situação, tinham a capacidade de compra de 32,85% da cesta, requerendo uma renda 3,04 vezes maior. Os dados mostram que entre 2023 e 2025, a capacidade de compra caiu, requerendo mais renda para consumir os produtos da cesta básica de alimentos.
Já em Pouso Alegre, em março de 2023, as pessoas na linha da pobreza tinham a capacidade de compra de 33,90% de uma cesta básica de alimentos em, sinalizando que o mesmo deveria ganhar 2,95 vezes mais para sua aquisição. Já em fevereiro de 2025, as pessoas nesta situação, tinham a capacidade de compra de 31,21% da cesta, requerendo uma renda 3,20 vezes maior. Mais uma vez, os dados mostram que entre 2023 e 2025, a capacidade de compra caiu, requerendo mais renda para consumir os produtos da cesta básica de alimentos.
O estudo mostrou que em ambas cidades, quando há queda no valor da cesta básica, o poder de compra do consumidor na linha da pobreza aumenta e vice-versa e que apesar da queda na quantidade de pessoas na linha da pobreza, os que nela estão sofrem com o processo inflacionário dos alimentos. O sair da linha da pobreza pode estar ligado a uma reação do mercado quanto à empregabilidade e melhoria de renda para parcela da população. Porém, os mais vulneráveis não conseguem manter qualidade de vida, não tendo condições de obter um nível mínimo de alimentação, além de outros produtos e serviços. Na ótica das políticas públicas, cabe ao governo municipal traçar estratégias para segurança alimentar das pessoas nesta situação. Incentivos como hortas comunitárias e programas de descontos em comércios locais podem sanar parcialmente a deficiência alimentar da população.
Comparando as cidades, Pouso Alegre conseguiu avançar na redução da pobreza (uma queda de 7.376 pessoas no período), mas o custo de vida é mais caro, fazendo com que as pessoas que ainda estão na linha da pobreza tenham mais dificuldades que os residentes em Varginha. Esta, por sua vez, apresentou queda significativa da pobreza (queda de 5.575 pessoas) e manteve a inflação dos alimentos sob maior controle, sendo menos prejudicial às famílias nesta situação. Para Pouso Alegre, recomenda-se políticas públicas complementares aos programas sociais existentes em nível federal, para abrandar o peso dos alimentos sob a renda das famílias. Para Varginha, o esforço deve ser na dinamização econômica e melhoria do mercado de trabalho, para intensificar a queda da pobreza, e não descartar as políticas de suporte alimentar às famílias.
O estudo completo pode ser baixado no site do Departamento de Pesquisa do Grupo UNIS (pesquisa.unis.edu.br) ou no site do Geesul (geesul.com.br)