Como o professor pode detectar dificuldades de aprendizagem em sala de aula?

    Introdução

    No dia a dia da sala de aula, o professor convive com as mais diversas dificuldades de aprendizagem. Seja na creche, no ensino fundamental, médio ou na faculdade, cada aluno é uma peça rara, não somente por suas habilidades, mas também porque aprendem de formas e em tempos diferentes...

    Tem aqueles que entendem tudo só de ouvir o professor falar, os que precisam escrever com suas próprias palavras para entender melhor e tem os que levam um tempo maior para assimilar o conhecimento, mesmo com “N” tipos diferentes de explicação.

    Esse último, por vezes é enxergado como o “aluno problema”, mas nem sempre dá para rotular dessa forma. Realmente existem alunos preguiçosos, que precisam daquele empurrãozinho extra e uma chamada de atenção para focar na aula. Tem também os que não têm incentivo dentro de casa e acabam deixando os estudos de lado e os serelepes, falantes, ligados em 220 volts.

    Cada caso é um caso, todos eles influenciam na dificuldade de aprendizado, porém, alguns deles devem ser observados com uma atenção especial, pois podem ser causados por fatores fisiológicos.

    Para entender mais sobre quais casos são esses, como ter um primeiro diagnóstico e como proceder com essa criança ou adulto é só continuar lendo!

    Quais são os indícios reais de algum transtorno?

    Como citado um pouco acima, popularmente falando, “nem tudo o que parece, é” e tirar notas ruins na escola não significa que a criança ou o adolescente não gosta de estudar. Com o avanço da medicina, hoje muitas das dificuldades apresentadas pelos alunos, têm uma causa raiz que vai além da sala de aula ou da família.

    Não são consideradas doenças, mas sim transtornos neurológicos que podem afetar profundamente o dia a dia na escola, o aprendizado, a interação com os colegas e, dependendo do transtorno, pode acarretar futuramente em frustrações, ansiedade ou depressão. O alcoolismo e a dependência de drogas também aparecem como efeitos colaterais desses transtornos, caso não sejam tratados.

    Antes de listar qualquer sintoma desses, é importante salientar o cuidado ao analisar essas pessoas, sejam elas crianças ou adultos, pois a probabilidade de ocorrer algum equívoco não é pequena.

    Por isso, prepare o terreno para conversar com o adulto ou os responsáveis pela criança, para que fiquem atentos a outros comportamentos fora do ambiente escolar e procurem o quanto antes algum especialista.

    Quanto aos sintomas, de modo geral, a parte mais afetada é a do aprendizado. Em crianças, as características mais observadas são:

    • Se distraem facilmente;
    • Não conseguem se concentrar em atividades muito longas, repetitivas ou que não lhes sejam interessantes;
    • Pedem muito para sair da sala e falam bastante;
    • Sempre estão mexendo os pés ou as mãos;
    • Apresentam dificuldades em seguir regras e realizar operações matemática;
    • Podem ter dificuldade em associar a fonética das letras às palavras;
    • São bastante impulsivas.

    Já nos adultos, os comportamentos observados podem ser:

    • Dificuldade de organizar e planejar suas atividades do dia a dia;
    • Como resultado disso, ele normalmente se apresenta estressado por não conseguir escalonar suas responsabilidades, nem a ordem em que deve realizar suas atividades o que o faz se sentir sobrecarregado;
    • Também podem ser vistos sempre deixando trabalhos pela metade, por exemplo.

    Para entender esses sintomas e a quais transtornos elas estão associadas, é só continuar a leitura do próximo item! :)

    Alguns transtornos, sintomas, causas e tratamentos

    Já falamos de modo geral quais são os sintomas apresentados pelos portadores de alguns desses transtornos.

    Agora, nesse tópico iremos apresentá-los de forma separada e o que deve ser feito caso surja a desconfiança da presença de alguma delas na sua vida, na do seu filho, aluno ou um amigo, para que a pessoa acometida possa procurar ajuda especializada e conseguir ter uma qualidade de vida imensamente melhor.

    Então vamos lá!

    O que causam?

    • Dislexia: provoca a dificuldade de leitura. A Associação Brasileira de Dislexia ainda fala que pode causar dificuldades no reconhecimento preciso e/ou fluente da palavra, na habilidade de decodificação e em soletração.
    • Disortografia: provoca dificuldades na acentuação e composição de textos.
    • Disgrafia: provoca dificuldade no ato da escrita em si, como caligrafia irregular e problemas motores.
    • Dislalia: provoca a dificuldade na fala, pessoas que trocam palavras por outras parecidas, como aquela criança que ao invés de falar “Coca-Cola” fala “Tota tola”.
    • Discalculia: provoca dificuldade em organizar, classificar grupos maiores ou menores e, em geral, realizar operações com números.
    • Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH): provoca desatenção, inquietude e impulsividade ao portador.

    Quais os sintomas?

    Dislexia

    De acordo com a Associação Brasileira de Dislexia (ABD), os sinais apresentados ainda na pré-escola são a dispersão, falta de concentração, atraso do desenvolvimento da fala e da linguagem, dificuldade de aprender rimas e canções, fraco desenvolvimento da coordenação motora, dificuldade com quebra-cabeças e falta de interesse por livros impressos.

    Já na vida escolar, os problemas apresentados são a dificuldade na aquisição e automação da leitura e da escrita, pobre conhecimento de rima (sons iguais no final das palavras) e aliteração (sons iguais no início das palavras), desatenção e dispersão, dificuldade em copiar de livros e da lousa, dificuldade na coordenação motora fina (letras, desenhos, pinturas etc.) e/ou grossa (ginástica, dança etc.) e desorganização geral.

    Também acontecem constantes atrasos na entrega de trabalho escolares e perda de seus pertences, confusão para nomear entre esquerda e direita, dificuldade em manusear mapas, dicionários, listas telefônicas etc, vocabulário pobre, com sentenças curtas e imaturas ou longas e vagas.

    Disortografia

    Junto da Disgrafia, são transtornos que normalmente acompanham a dislexia, porém a disortografia pode aparecer separadamente da dislexia. Pessoas acometidas por esse transtorno, apesar de apresentarem funcionamento intelectual e leitura normais, possuem bastante dificuldade na formação de textos escritos, cometem frequentes erros ortográficos ou de pontuação na elaboração de frases e uma organização de texto quase sem parágrafos.

    Disgrafia

    Possuem uma escrita deficiente no traçado e na forma das letras, que se mostram irregulares e disformes. Outros sintomas observados são a forma incorreta de segurar o lápis, letras ilegíveis, traçado grosso demais ou leve demais, espaçamento irregular entre palavras e letras, com aparência de desconectadas ou sobrepostas, entre outros.

    Dislalia

    O mais famoso portador de Dislalia no Brasil é o Cebolinha, esse mesmo que você está pensando, da Turma da Mônica. É importante falar que até os 4 anos de idade, é normal que essas trocas sejam realizadas, mas após essa idade, deve-se ficar atento às trocas de letras nas palavras, que são os principais sintomas. As trocas que normalmente acontecem são: P por B, F por V, T por D, R por L, F por S, J por Z e X por S.

    Discalculia

    É a dificuldade em ler e memorizar números, assim como em contar objetos e organizá-los por tamanho. O Centro de Desenvolvimento e Aprendizagem (SEI), lista como sinais de alerta a facilidade em falar, ler e escrever, mas dificuldades na contagem numérica e na resolução de problemas matemáticos.

    Boa memória para letras escritas, mas fraca memória na leitura de números, quer individualmente ou em sequência, facilidade em aprender e processar conceitos de matemática básicos, mas muitas dificuldades quando são exigidas capacidades de cálculo e organização mais complexos e específicos. 

    Apresentam também baixo sentido de orientação (a criança se desorienta facilmente quando há mudanças na sua rotina) e baixa memória a longo prazo (a criança é capaz de resolver um problema de matemática num determinado dia, mas no dia seguinte já não é capaz de fazer o mesmo exercício).

    Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH)

    De acordo com a Associação Brasileira de Déficit de Atenção (ABDA), os principais sintomas apresentados são a dificuldade para manter atenção em atividades muito longas, repetitivas ou que não lhes sejam interessantes. Elas são tão facilmente distraídas tanto por estímulos do ambiente externo, quanto por pensamentos “internos”. 

    Como a atenção é imprescindível para o bom funcionamento da memória, elas em geral são tidas como “esquecidas”: esquecem recados ou material escolar, o que estudaram na véspera da prova, etc.

    Elas também tendem a ser impulsivas (não esperam a vez, não lêem a pergunta até o final e já respondem, interrompem os outros, agem antes de pensar) e freqüentemente também apresentam dificuldades em se organizar e planejar aquilo que querem ou precisam fazer. Seu desempenho sempre parece inferior ao esperado para a sua capacidade intelectual.

    Quais são as causas?

    Dislexia

    Causada por um transtorno de aprendizagem de origem neurobiológica, ou seja, é uma desordem das células do sistema nervoso, que afetam os circuitos funcionais que processam a informação e medeiam o comportamento.

    Disortografia

    Assim como a Dislexia, é um transtorno de aprendizagem que tem origem neurobiológica, provocando a mesma desordem no sistema nervoso..

    Disgrafia

    Especula-se que possa haver 3 causas possíveis: o mau desenvolvimento das habilidades psicomotoras, que resultam em uma escrita irregular ao nível da velocidade e traçado.

    A segunda causa está associada à personalidade e a fatores psicoafetivos da criança. Isso influenciam no aspecto do grafismo de forma a refletir seu estado emocional no desenho de sua letra. Por fim, a última causa é pedagógica e está relacionada com a alteração do tipo de letra e com a qualidade ou rapidez da escrita.

    Dislalia

    Resulta de uma malformações ou alterações na língua, na abóbada palatina ou noutro órgão da fonação, que pode ter uma possível causa devido à estimulação com o uso da chupeta, mamadeira ou por chupar o dedo por tempo prolongado. Podem também ser causadas por alterações no sistema nervoso central ou ainda serem manifestadas devido a influência da parte hereditária, por imitação ou alterações emocionais.

    Discalculia

    De acordo com estudos recentes, baseados em imagens de alta resolução do cérebro, esta dificuldade de aprendizagem pode ter a origem genética associada a uma perturbação na região intra parietal do córtex cerebral, que é uma área do cérebro que é ativada quando uma pessoa realiza operações matemáticas. Outras possibilidades de desenvolvimento, são o consumo de álcool durante a gravidez ou lesão cerebral provocada na criança por algum tipo de acidente, como uma trombose ou um traumatismo craniano.

    Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH)

    As possíveis causas para esse distúrbio podem ser toxinas, problemas no desenvolvimento, alimentação, ferimentos, má formação, problemas familiares e hereditariedade. Estudos demonstram claramente que o TDAH é um transtorno neurobiológico e que a genética é o fator básico na determinação do aparecimento dos sintomas.

    Qual é o  tratamento indicado?

    Para Dislexia, Disortografia e Disgrafia

    O indicado é primeiramente passar por consultas com um profissional especialista nesses transtornos de aprendizado, que irá fazer uma  Avaliação Multidisciplinar, Processamento Auditivo e Audiometria, Treinamento Auditivo em Cabine e Exame Neurológico. De modo geral, o acompanhamento com neuropsicólogos pode ajudar a resolver grande parte do problema e ensinar como conviver com essas dificuldades.

    Dislalia

    Para esse transtorno da fala, o ideal é procurar por uma fonoaudióloga, que irá trabalhar e estimular o desenvolvimento das sensações e da capacidade de sentir, reconhecer e elaborar os sons. Uma dica para evitar esse problema é sempre que a criança trocar as letrinhas não deixar de corrigi-lá, mesmo que seja muito fofinho a forma com que elas falam.

    Discalculia

    O tratamento deve ser realizado com psicopedagogos e psicólogos educacionais, que devem trabalhar em estreita colaboração com a família e com os professores da criança. A avaliação consiste, geralmente, numa entrevista inicial com os pais e com os professores, seguida de quatro sessões com a criança.

    Os programas de intervenção mais eficazes no tratamento da discalculia consistem em uma ou duas sessões por semana, onde as funções cognitivas e a capacidade de pensar da criança são estimuladas, com particular enfoque nas áreas do cérebro responsáveis pelo raciocínio lógico-matemático (estimulação cognitiva multissensorial).

    Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH)

    O tratamento do TDAH deve ser multimodal, ou seja, com a combinação entre medicamentos, orientação aos pais e professores, além de técnicas específicas que são ensinadas para a pessoa diagnosticada. A psicoterapia que é indicada para o tratamento do TDAH chama-se Terapia Cognitivo Comportamental e no Brasil é uma atribuição exclusiva de psicólogos.

    O tratamento com fonoaudiólogo está recomendado em casos específicos onde existem, simultaneamente, Dislexia e Disortografia. Ali embaixo você pode ter acesso a um questionário básico inicial para entender se a pessoa possui ou não o TDAH.

    Questionário Infantil            Questionário para Adultos

    Lembrando que todos esses distúrbios devem ser observados pelas pessoas que estão envolta da pessoa acometida, mas o diagnóstico só pode ser dado pelos especialistas de cada área, ok?

    No caso das crianças, como tratar o assunto com os pais?

    Como você já entendeu, o diagnóstico é bem difícil de ser feito.  As dificuldades tem que se apresentar em mais de um âmbito da vida da pessoa, como na escola e na família, por exemplo, para realmente ser sinal de alerta.
    Portanto, o ideal, é chamar para uma conversa em particular com o responsável, informar sobre os comportamentos que a criança tem apresentado, sondar com os pais se ela os apresenta fora da escola e expressar a sua preocupação com o desenvolvimento do pequeno.

    É importante que nesse momento, os pais estejam cientes de que esses probleminhas de aprendizado não são doenças, e que se tratados adequadamente podem evitar agravantes e proporcionar uma vida normal para a criança. Porém só quem poderá dar o diagnóstico final é o profissional da saúde.

    Tente indicar algum caminho para que os pais não se sintam perdidos e coloque-se à disposição para ajudar. É importante que os responsáveis não se sintam desamparados e isso reflita na criança.

    Informação é tudo!

    Como você pôde observar, esses são probleminhas que podem confundir muito na hora de analisar os sintomas. E não pense que isso é raro, existem dados que informam erros na hora de diagnostica-los, tanto com pessoas que não as possuem e acabam fazendo o tratamento, quanto com pessoas que realmente as têm e não realizam a intervenção médica por falta de informação, erro de diagnóstico, entre outros motivos.

    O importante mesmo é estar sempre atento aos sinais, e buscar um diagnóstico para que no futuro. Caso seja positiva a presença de alguns desses transtornos, a pessoa tenha uma boa qualidade de vida, aprenda a driblar essas limitações e seja feliz!

    Se você acha que tem vocação para assumir a imensa responsabilidade de ensinar, ao mesmo tempo em que acompanha esse desempenho, além de procurar alternativas, caso haja algum problema de aprendizado, te digo que pedagogia é a sua praia. Mas se ainda possui alguma dúvida sobre essa carreira, é só clicar aqui e ter acesso a um material que vai te ajudar a decidir, colocando o perfil x carreira frente a frente para te ajudar a escolher!

    Esperamos que tenha gostado desse material! Qualquer dúvida, ou se pesquisou sobre algum assunto em nosso blog e não encontrou, é só falar com a gente ali no campo de comentários, ok? Vamos te responder o quanto antes!

    Até a próxima!

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